Desde 1995 no ar, “Malhação” parecia um caso de esgotamento irreversível. Se não tudo, muito já havia sido tentado ali para manter o fôlego do longevo programa. Entre bons e maus momentos, a produção teve personagens eternos, como Mocotó (André Marques) e Cabeção (Sérgio Hondjakoff), e chegou a ser transmitida ao vivo — o que foi um fracasso. Em 1999, Ricardo Waddington fez a primeira grande reformulação, aboliu a academia de ginástica e os elencos passaram a ser trocados sazonalmente. Em 2004, o roteirista Ricardo Hofstetter e sua equipe inventaram a Vagabanda e o programa chegou a alcançar 40 pontos de média. Estes números oscilaram muito de lá para cá. A qualidade idem.
O que mais poderia ser feito?
Pelo visto, muita coisa. A estreia da nova temporada, na última semana, mostrou ainda mil e uma possibilidades inexploradas. Duas razões básicas fizeram a grande diferença. A primeira é a adesão ao HD. A qualidade das imagens agora é bem superior a tudo o que já se viu no horário. A direção de fotografia de Elton Menezes (de “Caminho das Índias”) também colaborou para encher os olhos do espectador. O outro motivo é o investimento em temas ligados ao sobrenatural, algo inédito ali e uma ideia atraente tanto para o espectador adolescente quanto para os adultos, que, as pesquisas indicam, prestigiam a faixa.
Nesta nova fase, o programa está no núcleo de José Alvarenga e tem direção-geral de Mario Marcio Bandarra. A roteirista é Ingrid Zavarezzi, autora também de “Beijo, me liga”, série do Multishow que retratava o público adolescente com grande conhecimento de causa. Ajax Camacho, que trabalhou com Ingrid na TV paga, também dirige esta nova temporada de “Malhação”. Até aqui, tudo parece promissor. O elenco jovem, escolhido através de exaustivos testes, é talentoso. Não se viu até agora, nem por um minuto, aquela já tradicional lei das compensações equilibrando amadores e veteranos.
Mas o grande pulo do gato é o propósito de oferecer uma história cheia de mistérios. A julgar pelos primeiros capítulos, o caminho é bom.
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