sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Excesso de reprises dificulta produção própria no SBT

'Marimar' é reprizada exaustivamente no SBT. Foto: Divulgação
'Marimar' é reprizada exaustivamente no SBT
Foto: Divulgação

MAURO TRINDADE
Conta uma anedota antiga que, durante muitos anos, cientistas procuravam desenvolver um sistema de transmissão de sons e imagens a longa distância, que passou a se chamar televisão. Quando conseguiram inventá-la, não sabiam muito bem o que fazer com ela. Então passaram a exibir concertos de músicas, peças de teatro e noticiários radiofônicos com a imagem dos locutores, até que descobrissem uma utilidade para a engenhoca.
Daí em diante, as emissoras passaram a produzir seus próprios programas nestes segmentos de dramaturgia, espetáculo e informação. Com exceção dos reality shows, é disso que a TV é feita ainda hoje. Mas, enquanto algumas emissoras passaram a criar ou a comprar material inédito para suas programações, outras teimam em economizar e repetem as mesmas produções. É o caso do SBT.
A maioria dos seus programas vem de fora do país, sejam as novelas mexicanas ou seriados norte-americanos. MarimarAs Visões de RavenEu, a Patroa e as CriançasDois Homens e MeioUgly Betty eChaves já foram reprisadas "ad infinitum". Mesmo as produções caseiras, como Pícara Sonhadora eFascinação também se repetem no vídeo. Só Marimar já foi ao ar, ao menos, em três ocasiões. Impossível saber quantas vezes Chaves teve seus episódios reapresentados. Esta semana Maria do Bairro também volta a ser exibida.
Podem-se contar longas e complexas histórias políticas e culturais sobre os motivos que levaram a Globo a se tornar a emissora número um do País. Mas nenhuma delas seria completa sem o reconhecimento do maciço investimento em produções próprias que ela realiza. O que não rende apenas ibope e anunciantes, mas experiência, organização, domínio técnico e qualidade artística. Nada disso acontece de uma hora para outra.
As idas e vindas da dramaturgia do SBT - e também da Band - dificultam o estabelecimento de bases técnicas, artísticas e administrativas para a existência de boas produções. Por isso, um tema tão bom quanto a ditadura brasileira e a resistência aos militares apresentado em Amor e Revolução, tornou-se tão artificial, exangue.
Não há sucesso sem experiência, trabalho e um longo processo de formação de profissionais e de relações.Corações Feridos, o novo folhetim do SBT, tem qualidades que superam seu nome singelo. Tomara que a experiência tenha continuação. E não reprise.
TV Press

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